Listagem de Questões Concurso TST
O exame do quinto parágrafo e da citação que o sucede permite notar corretamente que:
há redundância entre as vozes de Discini e Bakhtin; esta última, bem demarcada, é objeto da estrita paráfrase realizada no texto.
a citação recolhida, para comprovar que “Nada se cria, tudo se copia”, vale-se de desarticulada paródia do discurso mítico.
o dialogismo bakhtiniano, anunciado por Discini, é definido em formulação que destaca sua premissa essencial: a cultura mítica é o fundamento do discurso concreto e histórico.
há formulações que remetem aos temas da destruição e da incerteza e que ajudam a construir a imagem de um sujeito em crise ao longo de seu percurso de busca pelo saber.
a incorporação da citação ao texto permite ampliar a discussão que ele traz: de aspectos exclusivamente verificáveis no percurso particular de Discini passa-se a considerações acerca da relação dos sujeitos com a linguagem e o discurso.
Depreende-se corretamente dos parágrafos 3 e 4:
a heterogeneidade de vozes, constitutiva do texto, tende a ser potencializada no estudo realizado pela autora, dada a natureza das relações que ela deseja investigar.
diferentemente do que se deu com a autora, outros analistas adotaram práticas e concepções consideradas antigas, realizando estudos de texto mais ingênuos.
é tarefa muito complexa lidar com a cronologia, isto é, determinar qual o texto-base (o primeiro), porque um conto infantil surge em variadas versões orais antes de ser fixado em uma definitiva versão escrita.
é pequeno o valor literário de Chapeuzinho Vermelho − havendo variantes, este texto não é único, motivo pelo qual lhe é atribuída falta de originalidade.
a analogia com a língua-mãe emerge desta noção consensual entre linguistas: os estudos históricos dispensam a descrição dos sistemas linguísticos de partida.
No primeiro parágrafo, a autora
enfatiza o caráter sedutor dos contos infantis, mas aponta também as falhas desse tipo de texto, como as relativas ao modo caótico de demarcação do tempo e de caracterização das personagens.
destaca, surpreendida, um modo de contar tão obsoleto e impessoal, que não permite distinguir aspectos como autoria ou estilo dos contadores.
enxerga no mecanismo de não individualização um facilitador do processo de identificação do leitor com as personagens: é possível ao primeiro colocar-se sem dificuldade no lugar das últimas.
descreve detalhadamente as categorias que povoam o mundo maravilhoso do conto infantil, apresentando tanto elementos mais estruturais (tempo, atores), quanto elementos mais periféricos, como a roupa, considerada o item mais simples.
expressa sensação subjetiva, para, em seguida, enquadrar o texto numa esfera de forte objetividade e neutralidade, inerente ao discurso acadêmico.
O texto
classifica-se como relato autobiográfico pois, embora faça referências a questões importantes para as ciências da linguagem, mostra pouca preocupação em firmar conceitos ou em levar a discussão para um âmbito que ultrapasse o das percepções e sensações individuais.
instaura, a partir do uso da primeira pessoa e de outros artifícios de subjetivação, uma contradição à tese defen dida, na medida em que mostra um enunciador soberano em relação a todas as suas escolhas linguístico-discursivas.
respeita certas exigências do discurso acadêmico: atende a mecanismos de citação e referência, define certa perspectiva de análise, apresenta justificativas para escolhas realizadas.
toma o mundo oficial da literatura (linha 4) como única forma de preservação e de difusão de um certo patrimônio imaterial: aquele representado pelas vozes da tradição oral, historicamente negligenciadas.
alerta para o perigo de não se notar que as sucessivas retomadas de Chapeuzinho Vermelho estão a serviço de outras enunciações, ou seja, daquelas que se descolam do mágico universo infantil no qual o texto-base se fundou.
acompanha as peripécias de um sujeito que, se no início não compreende bem o conto Chapeuzinho Vermelho, ao longo da narrativa expõe u m completo e detalhado saber acerca desse texto.
organiza-se de modo a defender que a natureza complexa do que se deseja conhecer melhor exige mudança de ponto de vista, dada, por sua vez, em fases de construção da plena “verdade”.
expõe um percurso de pesquisa mal-sucedido, a fim de propor que o saber, sobretudo sobre as línguas e a literatura, nunca se estabiliza.
abandona, após breve exposição, o foco inicial − a natureza do conto infantil −, para introduzir longa digressão teórica, descolada da discussão daquele primeiro tema.
reconstrói os movimentos de um sujeito que, interessado em um tema, constata a necessidade de redimensionar seu conhecimento e, finalmente, mostra-se satisfeito com certo saber adquirido.
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