Questões Concurso Câmara de Santana de Parnaíba - SP

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Listagem de Questões Concurso Câmara de Santana de Parnaíba - SP

Leia o texto a seguir para responder à questão.


O croquete


      No botequim, o homem de camiseta olha o compartimento reservado aos croquetes. É um homem maltratado, com os fundos das calças muito sujos. Deve trabalhar sentado no chão. Ou não trabalhar. Mas é um desses homens que se sentam no chão. Seus cabelos não devem ter sido lavados nesses últimos cinco anos. Lavou-os, quem sabe, na inauguração de Brasília. Seus sapatos dão a impressão de que os pés já foram maiores. Em cada um quase há lugar para mais um pé. Enfim, um homem de camiseta, calça suja e sapatos velhos, bem grandes.

      Olha, há já alguns minutos, para a vitrine de croquetes. Como uma mulher olharia para uma vitrine de joias. Há croquetes de variados formatos, mas de conteúdos imprevisíveis. Aquele ali deverá ser de camarão (penso eu, ou deve estar pensando o homem). São muitos, todos antigos, ainda da inauguração do botequim. Mudo de lugar para ver mais os olhos do homem e menos os croquetes. São antigos, também, os olhos do homem. Tanto quanto os croquetes. Minto. Mais antigos que os croquetes. Olhos embevecidos, como os de quem vai matar. Estariam estragados, os olhos do homem?

      A que tempo está esse homem, olhando esses croquetes? A que tempo estou eu, a olhar o homem e os croquetes? Certamente, nem ele, nem eu, nem os croquetes temos o que fazer. Não temos passado, nem futuro… Só temos aquele presente resolutivo, eu, o homem e os croquetes. Não é importante pensar se a insurreição virá da esquerda ou da direita. Nem quais seriam as consequências — funestas ou gloriosas?

      O homem tosse, o dono do botequim lhe entende a tosse, como se fosse uma ordem. Trazlhe meio copo de cachaça. O homem fala, afinal, mas continuando, como se antes houvesse dito alguma coisa:

      — … Já que é assim, me dá aquele croquete ali.

      — Aquele qual? — pergunta o dono.

      — Aquele azul, que está com uma mosca em cima.

    O homem comeu a metade do croquete, olhou vitorioso em sua volta e bebeu a cachaça quase toda. Depois, comeu a outra metade, mastigando feliz, como se acabasse de descobrir os primeiros encantos gustativos. Pagou. Foi saindo.

    Eu tinha um dever para comigo e para com os leitores deste jornal. O homem pedira o croquete azul, que estava com a mosca em cima. Quanto ao azul, estava bem, eu vira o azul. Azul de antiguidade. Mas, por que, especialmente, “a mosca em cima”? Sem jeito, andei até o homem e perguntei, com humildade, por que tinha pedido, com tanta decisão, “o da mosca em cima”.

      — Porque mosca conhece croquete. Só pousa no que está melhor.


MARIA, A. O croquete. In: TAUIL, G. (Org.) Vento vadio: as crônicas de Antônio Maria. Todavia, 2021, p. 467-468. Disponível em <https://cronicabrasileira.org.br/cronicas/16318/ocroquete>. 
O vocábulo “quase”, no trecho “Em cada um quase há lugar para mais um pé”, pertence à classe gramatical de:

Leia o texto a seguir para responder à questão.


O croquete


      No botequim, o homem de camiseta olha o compartimento reservado aos croquetes. É um homem maltratado, com os fundos das calças muito sujos. Deve trabalhar sentado no chão. Ou não trabalhar. Mas é um desses homens que se sentam no chão. Seus cabelos não devem ter sido lavados nesses últimos cinco anos. Lavou-os, quem sabe, na inauguração de Brasília. Seus sapatos dão a impressão de que os pés já foram maiores. Em cada um quase há lugar para mais um pé. Enfim, um homem de camiseta, calça suja e sapatos velhos, bem grandes.

      Olha, há já alguns minutos, para a vitrine de croquetes. Como uma mulher olharia para uma vitrine de joias. Há croquetes de variados formatos, mas de conteúdos imprevisíveis. Aquele ali deverá ser de camarão (penso eu, ou deve estar pensando o homem). São muitos, todos antigos, ainda da inauguração do botequim. Mudo de lugar para ver mais os olhos do homem e menos os croquetes. São antigos, também, os olhos do homem. Tanto quanto os croquetes. Minto. Mais antigos que os croquetes. Olhos embevecidos, como os de quem vai matar. Estariam estragados, os olhos do homem?

      A que tempo está esse homem, olhando esses croquetes? A que tempo estou eu, a olhar o homem e os croquetes? Certamente, nem ele, nem eu, nem os croquetes temos o que fazer. Não temos passado, nem futuro… Só temos aquele presente resolutivo, eu, o homem e os croquetes. Não é importante pensar se a insurreição virá da esquerda ou da direita. Nem quais seriam as consequências — funestas ou gloriosas?

      O homem tosse, o dono do botequim lhe entende a tosse, como se fosse uma ordem. Trazlhe meio copo de cachaça. O homem fala, afinal, mas continuando, como se antes houvesse dito alguma coisa:

      — … Já que é assim, me dá aquele croquete ali.

      — Aquele qual? — pergunta o dono.

      — Aquele azul, que está com uma mosca em cima.

    O homem comeu a metade do croquete, olhou vitorioso em sua volta e bebeu a cachaça quase toda. Depois, comeu a outra metade, mastigando feliz, como se acabasse de descobrir os primeiros encantos gustativos. Pagou. Foi saindo.

    Eu tinha um dever para comigo e para com os leitores deste jornal. O homem pedira o croquete azul, que estava com a mosca em cima. Quanto ao azul, estava bem, eu vira o azul. Azul de antiguidade. Mas, por que, especialmente, “a mosca em cima”? Sem jeito, andei até o homem e perguntei, com humildade, por que tinha pedido, com tanta decisão, “o da mosca em cima”.

      — Porque mosca conhece croquete. Só pousa no que está melhor.


MARIA, A. O croquete. In: TAUIL, G. (Org.) Vento vadio: as crônicas de Antônio Maria. Todavia, 2021, p. 467-468. Disponível em <https://cronicabrasileira.org.br/cronicas/16318/ocroquete>. 
Um termo sinônimo da palavra “embevecidos”, que ocorre no texto — “Olhos embevecidos, como os de quem vai matar” —, é:

Leia o texto a seguir para responder à questão.


O croquete


      No botequim, o homem de camiseta olha o compartimento reservado aos croquetes. É um homem maltratado, com os fundos das calças muito sujos. Deve trabalhar sentado no chão. Ou não trabalhar. Mas é um desses homens que se sentam no chão. Seus cabelos não devem ter sido lavados nesses últimos cinco anos. Lavou-os, quem sabe, na inauguração de Brasília. Seus sapatos dão a impressão de que os pés já foram maiores. Em cada um quase há lugar para mais um pé. Enfim, um homem de camiseta, calça suja e sapatos velhos, bem grandes.

      Olha, há já alguns minutos, para a vitrine de croquetes. Como uma mulher olharia para uma vitrine de joias. Há croquetes de variados formatos, mas de conteúdos imprevisíveis. Aquele ali deverá ser de camarão (penso eu, ou deve estar pensando o homem). São muitos, todos antigos, ainda da inauguração do botequim. Mudo de lugar para ver mais os olhos do homem e menos os croquetes. São antigos, também, os olhos do homem. Tanto quanto os croquetes. Minto. Mais antigos que os croquetes. Olhos embevecidos, como os de quem vai matar. Estariam estragados, os olhos do homem?

      A que tempo está esse homem, olhando esses croquetes? A que tempo estou eu, a olhar o homem e os croquetes? Certamente, nem ele, nem eu, nem os croquetes temos o que fazer. Não temos passado, nem futuro… Só temos aquele presente resolutivo, eu, o homem e os croquetes. Não é importante pensar se a insurreição virá da esquerda ou da direita. Nem quais seriam as consequências — funestas ou gloriosas?

      O homem tosse, o dono do botequim lhe entende a tosse, como se fosse uma ordem. Trazlhe meio copo de cachaça. O homem fala, afinal, mas continuando, como se antes houvesse dito alguma coisa:

      — … Já que é assim, me dá aquele croquete ali.

      — Aquele qual? — pergunta o dono.

      — Aquele azul, que está com uma mosca em cima.

    O homem comeu a metade do croquete, olhou vitorioso em sua volta e bebeu a cachaça quase toda. Depois, comeu a outra metade, mastigando feliz, como se acabasse de descobrir os primeiros encantos gustativos. Pagou. Foi saindo.

    Eu tinha um dever para comigo e para com os leitores deste jornal. O homem pedira o croquete azul, que estava com a mosca em cima. Quanto ao azul, estava bem, eu vira o azul. Azul de antiguidade. Mas, por que, especialmente, “a mosca em cima”? Sem jeito, andei até o homem e perguntei, com humildade, por que tinha pedido, com tanta decisão, “o da mosca em cima”.

      — Porque mosca conhece croquete. Só pousa no que está melhor.


MARIA, A. O croquete. In: TAUIL, G. (Org.) Vento vadio: as crônicas de Antônio Maria. Todavia, 2021, p. 467-468. Disponível em <https://cronicabrasileira.org.br/cronicas/16318/ocroquete>. 
Considerando-se a temática e os elementos discursivos, de modo geral, presentes no texto O croquete, entende-se que seu objetivo central é:

Assinale a alternativa em que não esteja indicada corretamente uma fase da mediação de conflitos. 

Leia o trecho a seguir:
“Segundo o Banco Central do Brasil, somente 40% dos bancos que funcionavam em dezembro de 1988 sobreviveram até 2000, quando o sistema bancário brasileiro era composto por 191 bancos e 1 caixa econômica, sendo 16 bancos públicos (24,33% dos ativos), 104 bancos privados nacionais (42,56% dos ativos) e 71 bancos sob controle estrangeiro (33,11% dos ativos). Em 2019, os cinco maiores bancos do país passaram a deter 81% do mercado bancário comercial”.
(OCTAVINI, 2021. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2021-abr20/defesa-concorrencia-concentracao-bancaria-brasil-chegamosaqui#sdfootnote8sym. Acesso em 22 de novembro de 2022).

O processo a que se refere o texto apresentado é denominado

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