Questões de Língua Portuguesa da CESPE / CEBRASPE

Pesquise questões de concurso nos filtros abaixo

Listagem de Questões de Língua Portuguesa da CESPE / CEBRASPE

        São dois pinheiros altos, e atrás deles o mar. Na linha do horizonte, as linhas parecem estar boiando, nessa luz indecisa da manhã de inverno.

         O homem lança um olhar apressado à paisagem cheia de vento e de sol, e se volta para o interior do apartamento; precisa providenciar as instalações elétricas; um amigo lhe disse uma coisa horrendamente prosaica, a saber: convém trocar o ralo do chuveiro por um desses que se pode fechar, porque assim é evitado o ingresso de baratas. É preciso pensar nisso; e também onde colocar o telefone; e em providenciar o telefone para ser colocado. (...) O colchão não veio? Mas ficaram de mandar trazer no sábado, sem falta. Ali está a cama nua; ali, homem, em breve tu dormirás, amarás, sonharás, morrerás talvez, quem sabe?

         Assim, dentro do apartamento, só existem problemas; entediado, o homem se volta para a varanda, para o mar. Em alguns minutos, houve um movimento de nuvens e de luz; há manchas verdes, três ou quatro, perto das ilhas que estão mais nítidas; parece que se ergueram um pouco no horizonte. Que planura terrena, que montanha imponente, que paisagem no mundo vale o mar? Não o mar do alto-mar, mas esse mar de costa e ilhas, sempre investindo sobre as pedras e sobre as terras, esse que leva homens e coisas dos homens, que recebe plantas que descem os rios boiando, esse mar humano e vivo, e entretanto batendo aos nossos pés a canção do eterno, chamando para o desconhecido, anunciando ao nosso mundo que este mundo não tem fim.

         Chega o porteiro, diz algumas coisas sobre calafates e ladrilhos, água e contrato. O homem desce lentamente, vai andando, encontra um amigo na esquina, o amigo pergunta se é verdade que ele agora vai morar ali no bairro, em que apartamento. Ele responde qualquer coisa, diz que é um apartamento pequeno, que ainda está arrumando, que não tem habite-se, mas dentro dele, consigo mesmo, ele pensa apenas: são dois pinheiros grandes e, atrás deles, o mar.

Rubem Braga. Dois pinheiros e o mar: e outras crônicas sobre o meio ambiente.
São Paulo: Global, 2017 (com adaptações).

Em relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto anterior, julgue o item seguinte.


Estariam mantidas a coerência das ideias do texto e sua correção gramatical caso o trecho “porque assim é evitado o ingresso de baratas” (primeiro período do segundo parágrafo) fosse reescrito como pois assim se evitam baratas.

Como escreve Adriana Lisboa

Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Adriana Lisboa: Não faço compilação de notas antes de começar a escrever, mas sim durante o processo. Só consigo pensar bem sobre um livro enquanto estou escrevendo esse livro; do contrário, ele se torna uma abstração. Não sei que problemas vou encontrar até arregaçar as mangas e efetivamente começar a trabalhar. A pesquisa vai se apresentando da mesma exata maneira: de acordo com as exigências que o texto vai fazendo. Claro, estou me referindo essencialmente à escrita de ficção e de poesia, mas o processo é semelhante mesmo quando escrevo ensaio. Preciso do pontapé inicial.

Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Adriana Lisboa: Reviso os textos inúmeras vezes, praticamente até as vésperas de serem publicados. Acho que um autor nunca bate o martelo. Mesmo depois de publicado um livro, há algo que pensamos que poderíamos (ou deveríamos) ter feito diferente. A edição definitiva não existe; ela é só a decisão de parar em algum momento do processo.

Internet:<comoeuescrevo.com>  (com adaptações).

No que se refere às ideias veiculadas no texto anterior e à prática de produção de textos nos anos finais do ensino fundamental, julgue o item que se segue.


Ao afirmar que “A edição definitiva não existe”, a escritora constrói, por oposição, um reforço ao argumento apresentado anteriormente na segunda resposta. 

        São dois pinheiros altos, e atrás deles o mar. Na linha do horizonte, as linhas parecem estar boiando, nessa luz indecisa da manhã de inverno.

         O homem lança um olhar apressado à paisagem cheia de vento e de sol, e se volta para o interior do apartamento; precisa providenciar as instalações elétricas; um amigo lhe disse uma coisa horrendamente prosaica, a saber: convém trocar o ralo do chuveiro por um desses que se pode fechar, porque assim é evitado o ingresso de baratas. É preciso pensar nisso; e também onde colocar o telefone; e em providenciar o telefone para ser colocado. (...) O colchão não veio? Mas ficaram de mandar trazer no sábado, sem falta. Ali está a cama nua; ali, homem, em breve tu dormirás, amarás, sonharás, morrerás talvez, quem sabe?

         Assim, dentro do apartamento, só existem problemas; entediado, o homem se volta para a varanda, para o mar. Em alguns minutos, houve um movimento de nuvens e de luz; há manchas verdes, três ou quatro, perto das ilhas que estão mais nítidas; parece que se ergueram um pouco no horizonte. Que planura terrena, que montanha imponente, que paisagem no mundo vale o mar? Não o mar do alto-mar, mas esse mar de costa e ilhas, sempre investindo sobre as pedras e sobre as terras, esse que leva homens e coisas dos homens, que recebe plantas que descem os rios boiando, esse mar humano e vivo, e entretanto batendo aos nossos pés a canção do eterno, chamando para o desconhecido, anunciando ao nosso mundo que este mundo não tem fim.

         Chega o porteiro, diz algumas coisas sobre calafates e ladrilhos, água e contrato. O homem desce lentamente, vai andando, encontra um amigo na esquina, o amigo pergunta se é verdade que ele agora vai morar ali no bairro, em que apartamento. Ele responde qualquer coisa, diz que é um apartamento pequeno, que ainda está arrumando, que não tem habite-se, mas dentro dele, consigo mesmo, ele pensa apenas: são dois pinheiros grandes e, atrás deles, o mar.

Rubem Braga. Dois pinheiros e o mar: e outras crônicas sobre o meio ambiente.
São Paulo: Global, 2017 (com adaptações).

Em relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto anterior, julgue o item seguinte.


No primeiro período do segundo parágrafo, o emprego do acento indicativo de crase em “à paisagem” justifica-se pela regência do termo “apressado” e pela presença de artigo definido antes de “paisagem”.

#Questão 1093345 - Língua Portuguesa, Morfologia - Pronomes, CESPE / CEBRASPE, 2025, InoversaSul, Professor de Língua Portuguesa - Anos Finais

        Cléber de Souza, empresário e ex-garçom, acordou mais cedo que de costume. Cumpriu sua rotina matinal, se vestiu e partiu para uma das raras lojas que ainda revelam fotografias em Jaraguá do Sul (SC), onde mora. Pagou por uma única foto, tirada 21 anos atrás. Nela, aparece de camisa branca e gravataborboleta ao lado de um sorridente senhor de barbas brancas, que vestia uma camisa rosa estampada com coqueiros. Era Francis Ford Coppola. O cineasta americano visitou Curitiba em 2003, ano da foto. Em uma estada de três semanas, passou cinco vezes no restaurante italiano onde Souza trabalhava. Foi tietado pelos funcionários e até criou uma pizza personalizada, feita em massa grossa com muçarela, molho de tomate fresco, azeite e manjericão. O sabor é servido até hoje, com seu nome.

         Coppola circulava pela capital do Paraná, naquele ano, em busca de inspirações para o filme que vinha tentando produzir desde a década de 1980: Megalópolis. A película acaba de ser lançada e por isso o diretor resolveu retornar à cidade, que o atraiu anos atrás graças a seus dotes urbanísticos. Desta vez, permaneceu por apenas um dia. Souza, ansioso por reencontrar o antigo freguês na estreita janela de 24 horas, pegou a fotografia e percorreu, na tarde de 31 de outubro de 2024, os 160 quilômetros que conectam Jaraguá do Sul a Curitiba.

Plínio Lopes. O poderoso busão. In: Revista Piauí.
Internet:<piaui.folha.uol.com.br>  (com adaptações).

Julgue o item a seguir, com relação aos sentidos e aspectos linguísticos do texto apresentado.


Em “seus dotes urbanísticos” (segundo período do segundo parágrafo), a forma pronominal “seus” tem como referente a cidade de Curitiba.

        São dois pinheiros altos, e atrás deles o mar. Na linha do horizonte, as linhas parecem estar boiando, nessa luz indecisa da manhã de inverno.

         O homem lança um olhar apressado à paisagem cheia de vento e de sol, e se volta para o interior do apartamento; precisa providenciar as instalações elétricas; um amigo lhe disse uma coisa horrendamente prosaica, a saber: convém trocar o ralo do chuveiro por um desses que se pode fechar, porque assim é evitado o ingresso de baratas. É preciso pensar nisso; e também onde colocar o telefone; e em providenciar o telefone para ser colocado. (...) O colchão não veio? Mas ficaram de mandar trazer no sábado, sem falta. Ali está a cama nua; ali, homem, em breve tu dormirás, amarás, sonharás, morrerás talvez, quem sabe?

         Assim, dentro do apartamento, só existem problemas; entediado, o homem se volta para a varanda, para o mar. Em alguns minutos, houve um movimento de nuvens e de luz; há manchas verdes, três ou quatro, perto das ilhas que estão mais nítidas; parece que se ergueram um pouco no horizonte. Que planura terrena, que montanha imponente, que paisagem no mundo vale o mar? Não o mar do alto-mar, mas esse mar de costa e ilhas, sempre investindo sobre as pedras e sobre as terras, esse que leva homens e coisas dos homens, que recebe plantas que descem os rios boiando, esse mar humano e vivo, e entretanto batendo aos nossos pés a canção do eterno, chamando para o desconhecido, anunciando ao nosso mundo que este mundo não tem fim.

         Chega o porteiro, diz algumas coisas sobre calafates e ladrilhos, água e contrato. O homem desce lentamente, vai andando, encontra um amigo na esquina, o amigo pergunta se é verdade que ele agora vai morar ali no bairro, em que apartamento. Ele responde qualquer coisa, diz que é um apartamento pequeno, que ainda está arrumando, que não tem habite-se, mas dentro dele, consigo mesmo, ele pensa apenas: são dois pinheiros grandes e, atrás deles, o mar.

Rubem Braga. Dois pinheiros e o mar: e outras crônicas sobre o meio ambiente.
São Paulo: Global, 2017 (com adaptações).

Em relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto anterior, julgue o item seguinte.


Estaria mantida a correção gramatical do texto caso as formas pronominais “se”, em “se volta” e “se ergueram”, respectivamente, no primeiro e no segundo períodos do terceiro parágrafo, fossem empregadas logo após as formas verbais — escrevendo-se volta-se e ergueram-se.

Navegue em mais matérias e assuntos

{TITLE}

{CONTENT}

{TITLE}

{CONTENT}
Estude Grátis