Questões de Língua Portuguesa do ano 2025

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Listagem de Questões de Língua Portuguesa do ano 2025

Microplásticos são identificados no cérebro humano


De tão pequenas, é impossível vê-las a olho nu. Mas elas existem e estão em todos os lugares. No mexilhão comprado direto do pescador, nas frutas e nos legumes da feira ou nos alimentos industrializados do mercado. Também já foram encontradas na cerveja, no chá, no leite, na água (em especial a engarrafada) e ainda no solo e no ar. Em formato de esfera, fios ou fragmentos de filmes ou espuma, as partículas de plástico de tamanho microscópico são hoje mais abundantes do que nunca no planeta. Com a vida imersa em plásticos, era esperado que, em algum momento, diminutos fragmentos do material fossem encontrados até mesmo no mais protegido dos órgãos humanos, o cérebro. Agora foram.

Na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), a patologista Thais Mauad, o engenheiro ambiental Luís Fernando Amato Lourenço e a bióloga Regiani Carvalho de Oliveira identificaram, em um projeto apoiado pela FAPESP e pela organização não governamental holandesa Plastic Soup, partículas de microplástico no cérebro de oito pessoas que viveram ao menos cinco anos na cidade de São Paulo. Após a morte, elas foram submetidas à autopsia no Serviço de Verificação de Óbitos da Capital, onde os pesquisadores coletaram amostras de uma estrutura chamada bulbo olfatório. Localizado no interior do crânio logo acima do nariz, os bulbos olfatórios − há dois, um em cada hemisfério cerebral − são a primeira parte do sistema nervoso central a que chegam as informações sobre os cheiros. Eles estão em contato com neurônios que detectam moléculas de odor no fundo do nariz e funcionam como uma potencial via de entrada dessas e de outras partículas, além de microrganismos, no cérebro.

Os pesquisadores precisaram resgatar equipamentos que não eram usados havia mais de 40 anos, como seringas de vidro, para lidar com esse material biológico. Também tiveram de adotar um protocolo rigoroso de limpeza dos utensílios − com lavagens com água filtrada três vezes e o uso de acetona −, além de substituir o plástico por papel alumínio ou vidro para cobrir ou fechar os recipientes. Nos dias de manipulação do material, só se podia usar roupas de algodão.

Eles congelaram as amostras do bulbo olfatório e as fatiaram em lâminas com 10 micrômetros (µm) − cada micrômetro corresponde ao milímetro dividido em mil partes iguais. Uma parte do material foi digerida por enzimas para que fosse possível detectar partículas eventualmente situadas em regiões profundas das amostras. Depois de preparado, o material foi levado para o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, a 110 quilômetros de São Paulo. Lá fica o Sirius, uma das mais brilhantes fontes de radiação síncrotron em atividade no mundo. Ele produz um tipo especial de luz altamente energética que alimenta 10 estações de trabalho. Com o auxílio do físico Raul de Oliveira Freitas e da química Ohanna Menezes, ambos do CNPEM, a equipe da USP usou uma dessas estações − a Imbuia − ao longo de uma semana para iluminar as amostras com um feixe de radiação infravermelha e caracterizar a composição de partículas de plástico encontradas nelas.

Em cada fragmento de bulbo olfatório analisado, foram achadas de 1 a 4 partículas de microplástico. Elas tinham dimensões variando de 5,5 µm a 26,4 µm − aproximadamente o tamanho da maior parte das bactérias e algumas vezes menor que o de uma célula humana. A maioria (75%) estava na forma de fragmentos ou esferas e 25% delas eram fibras, descreveram os pesquisadores em setembro em um artigo publicado na revista JAMA Network Open. Em 44% dos casos, os microplásticos eram compostos de polipropileno (PP), o segundo polímero plástico mais produzido no mundo (16% do total). Derivado do petróleo, ele gera um plástico duro e translúcido, que pode ser moldado com o calor e é amplamente usado na produção de embalagens; peças plásticas de veículos; produtos de uso pessoal, como fraldas e máscaras descartáveis; e equipamentos da área médica. Em proporção menor, havia também microplásticos de poliamida (PA), polietileno acetato de vinila (Peva) e polietileno (PE).

"Não havia grande quantidade de microplásticos nas amostras do bulbo olfatório, mas, de fato, eles estavam lá", relata Mauad, que há mais de 15 anos investiga os efeitos da poluição sobre a saúde. Por algum tempo, ela própria desconfiou de que os microplásticos detectados não tivessem penetrado no cérebro, mas fossem resultado de contaminação das amostras, uma vez que esse material está em toda parte e em quantidade expressiva no ar. Só se convenceu ao constatar, durante as análises, que as partículas eram muito fragmentadas e pequenas e se localizavam no interior das células ou nas proximidades de vasos sanguíneos.

"A detecção de microplásticos no cérebro causa preocupação porque ele é o órgão mais blindado do corpo", afirma o químico Henrique Eisi Toma, do Instituto de Química da USP e estudioso dos nanomateriais, que não participou do estudo. Para chegar ao cérebro, as moléculas e agentes infecciosos têm de conseguir atravessar a chamada barreira hematoencefálica, uma espécie de membrana formada por três tipos de células estreitamente unidas que impede a passagem da maioria dos compostos carreados pelo sangue. "Muitas moléculas só conseguem atravessar a barreira usando mecanismos complicados de transporte", explica o pesquisador, coordenador de um grupo que descreveu em dezembro na revista Micron uma estratégia que usa nanopartículas magnéticas envoltas em uma espécie de cola para retirar microplásticos da água.



Retirado e adaptado de: ZORZETTO, Ricardo. Equipe da USP identifica microplásticos no cérebro humano. Revista Pesquisa FAPESP. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/equipe-da-usp-identifica-microplastico s-no-cerebro-humano/ Acesso em: 03 mar., 2025.
Associe a segunda coluna de acordo com a primeira, que relaciona palavras do texto com seus respectivos processos de formação:
Primeira coluna: processo de formação
1.Derivação parassintética 2.Derivação sufixal 3.Derivação prefixal 4.Derivação prefixal e sufixal
Segunda coluna: palavras do texto
(__)Olfatório. (__)Translúcido. (__)Engarrafada. (__)Patologista. (__)Microplástico.

Assinale a alternativa que apresenta a correta associação entre as colunas:

Microplásticos são identificados no cérebro humano


De tão pequenas, é impossível vê-las a olho nu. Mas elas existem e estão em todos os lugares. No mexilhão comprado direto do pescador, nas frutas e nos legumes da feira ou nos alimentos industrializados do mercado. Também já foram encontradas na cerveja, no chá, no leite, na água (em especial a engarrafada) e ainda no solo e no ar. Em formato de esfera, fios ou fragmentos de filmes ou espuma, as partículas de plástico de tamanho microscópico são hoje mais abundantes do que nunca no planeta. Com a vida imersa em plásticos, era esperado que, em algum momento, diminutos fragmentos do material fossem encontrados até mesmo no mais protegido dos órgãos humanos, o cérebro. Agora foram.

Na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), a patologista Thais Mauad, o engenheiro ambiental Luís Fernando Amato Lourenço e a bióloga Regiani Carvalho de Oliveira identificaram, em um projeto apoiado pela FAPESP e pela organização não governamental holandesa Plastic Soup, partículas de microplástico no cérebro de oito pessoas que viveram ao menos cinco anos na cidade de São Paulo. Após a morte, elas foram submetidas à autopsia no Serviço de Verificação de Óbitos da Capital, onde os pesquisadores coletaram amostras de uma estrutura chamada bulbo olfatório. Localizado no interior do crânio logo acima do nariz, os bulbos olfatórios − há dois, um em cada hemisfério cerebral − são a primeira parte do sistema nervoso central a que chegam as informações sobre os cheiros. Eles estão em contato com neurônios que detectam moléculas de odor no fundo do nariz e funcionam como uma potencial via de entrada dessas e de outras partículas, além de microrganismos, no cérebro.

Os pesquisadores precisaram resgatar equipamentos que não eram usados havia mais de 40 anos, como seringas de vidro, para lidar com esse material biológico. Também tiveram de adotar um protocolo rigoroso de limpeza dos utensílios − com lavagens com água filtrada três vezes e o uso de acetona −, além de substituir o plástico por papel alumínio ou vidro para cobrir ou fechar os recipientes. Nos dias de manipulação do material, só se podia usar roupas de algodão.

Eles congelaram as amostras do bulbo olfatório e as fatiaram em lâminas com 10 micrômetros (µm) − cada micrômetro corresponde ao milímetro dividido em mil partes iguais. Uma parte do material foi digerida por enzimas para que fosse possível detectar partículas eventualmente situadas em regiões profundas das amostras. Depois de preparado, o material foi levado para o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, a 110 quilômetros de São Paulo. Lá fica o Sirius, uma das mais brilhantes fontes de radiação síncrotron em atividade no mundo. Ele produz um tipo especial de luz altamente energética que alimenta 10 estações de trabalho. Com o auxílio do físico Raul de Oliveira Freitas e da química Ohanna Menezes, ambos do CNPEM, a equipe da USP usou uma dessas estações − a Imbuia − ao longo de uma semana para iluminar as amostras com um feixe de radiação infravermelha e caracterizar a composição de partículas de plástico encontradas nelas.

Em cada fragmento de bulbo olfatório analisado, foram achadas de 1 a 4 partículas de microplástico. Elas tinham dimensões variando de 5,5 µm a 26,4 µm − aproximadamente o tamanho da maior parte das bactérias e algumas vezes menor que o de uma célula humana. A maioria (75%) estava na forma de fragmentos ou esferas e 25% delas eram fibras, descreveram os pesquisadores em setembro em um artigo publicado na revista JAMA Network Open. Em 44% dos casos, os microplásticos eram compostos de polipropileno (PP), o segundo polímero plástico mais produzido no mundo (16% do total). Derivado do petróleo, ele gera um plástico duro e translúcido, que pode ser moldado com o calor e é amplamente usado na produção de embalagens; peças plásticas de veículos; produtos de uso pessoal, como fraldas e máscaras descartáveis; e equipamentos da área médica. Em proporção menor, havia também microplásticos de poliamida (PA), polietileno acetato de vinila (Peva) e polietileno (PE).

"Não havia grande quantidade de microplásticos nas amostras do bulbo olfatório, mas, de fato, eles estavam lá", relata Mauad, que há mais de 15 anos investiga os efeitos da poluição sobre a saúde. Por algum tempo, ela própria desconfiou de que os microplásticos detectados não tivessem penetrado no cérebro, mas fossem resultado de contaminação das amostras, uma vez que esse material está em toda parte e em quantidade expressiva no ar. Só se convenceu ao constatar, durante as análises, que as partículas eram muito fragmentadas e pequenas e se localizavam no interior das células ou nas proximidades de vasos sanguíneos.

"A detecção de microplásticos no cérebro causa preocupação porque ele é o órgão mais blindado do corpo", afirma o químico Henrique Eisi Toma, do Instituto de Química da USP e estudioso dos nanomateriais, que não participou do estudo. Para chegar ao cérebro, as moléculas e agentes infecciosos têm de conseguir atravessar a chamada barreira hematoencefálica, uma espécie de membrana formada por três tipos de células estreitamente unidas que impede a passagem da maioria dos compostos carreados pelo sangue. "Muitas moléculas só conseguem atravessar a barreira usando mecanismos complicados de transporte", explica o pesquisador, coordenador de um grupo que descreveu em dezembro na revista Micron uma estratégia que usa nanopartículas magnéticas envoltas em uma espécie de cola para retirar microplásticos da água.



Retirado e adaptado de: ZORZETTO, Ricardo. Equipe da USP identifica microplásticos no cérebro humano. Revista Pesquisa FAPESP. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/equipe-da-usp-identifica-microplastico s-no-cerebro-humano/ Acesso em: 03 mar., 2025.
Assinale a alternativa que corretamente apresenta o gênero textual ao qual pertence o texto:

Leia atentamente:



     José viu o rio surgir, do varadouro, por entre as árvores. Estava cheio depois das grandes chuvas. Mas seu coração nem viu a magia que fluía dele, porque a tristeza invadia tudo como uma neblina que caminha ao amanhecer. Ventava melancolia.


    — Dona Neusa! - gritou do aceiro da mata - Mamãe chama à senhora. O Chico está muito mal, talvez não passe dessa noite.


     Da janela, uma senhora deu com a mão e desceu as escadas apressadamente.  


    O caminho de volta foi silencioso, às pressas. José via a boca de a mulher mexer-se, mas não ouvia palavra alguma. Talvez rezasse em silêncio, talvez apenas queixava-se da sorte.


   Anoitecia, quando cruzaram a pinguela do Mapinguari, a colocação surgiu desbotada. O tapiri de paxiúba, coberta de palha se escondia entre as árvores e uma luz pálida, da lamparina, se esgueirava pela janela enquanto um lamento de partir o coração fugia pela porta aberta, descia as escadas e invadiu a alma de Dona Neuza a anunciar que a morte chegara mais rápido do que se esperava.


   Enquanto a noite chegava, Dona Neuza abraçava a mulher, rezava e acendia velas, numa tentativa em tornar a solidão da selva menor:


    — E agora, o que eu vou fazer sem meu pai? Pedi o marido; agora, meu pai! O que será de mim?


    — Se acalme Dona Maria, pra tudo se dá um jeito. Deus é maior!


   Enquanto as carapanãs zumbiam, lanternas e porongas chegavam lentamente. Os vizinhos vinham dizer adeus.


Fandermiler Freitas, Conto Saudade



As pergunta refere-se à interpretação do texto. 

Os vizinhos vinham dizer adeus. (...)” Assinale a alternativa que apresenta a classificação correta dos termos acima: 

Leia atentamente:



     José viu o rio surgir, do varadouro, por entre as árvores. Estava cheio depois das grandes chuvas. Mas seu coração nem viu a magia que fluía dele, porque a tristeza invadia tudo como uma neblina que caminha ao amanhecer. Ventava melancolia.


    — Dona Neusa! - gritou do aceiro da mata - Mamãe chama à senhora. O Chico está muito mal, talvez não passe dessa noite.


     Da janela, uma senhora deu com a mão e desceu as escadas apressadamente.  


    O caminho de volta foi silencioso, às pressas. José via a boca de a mulher mexer-se, mas não ouvia palavra alguma. Talvez rezasse em silêncio, talvez apenas queixava-se da sorte.


   Anoitecia, quando cruzaram a pinguela do Mapinguari, a colocação surgiu desbotada. O tapiri de paxiúba, coberta de palha se escondia entre as árvores e uma luz pálida, da lamparina, se esgueirava pela janela enquanto um lamento de partir o coração fugia pela porta aberta, descia as escadas e invadiu a alma de Dona Neuza a anunciar que a morte chegara mais rápido do que se esperava.


   Enquanto a noite chegava, Dona Neuza abraçava a mulher, rezava e acendia velas, numa tentativa em tornar a solidão da selva menor:


    — E agora, o que eu vou fazer sem meu pai? Pedi o marido; agora, meu pai! O que será de mim?


    — Se acalme Dona Maria, pra tudo se dá um jeito. Deus é maior!


   Enquanto as carapanãs zumbiam, lanternas e porongas chegavam lentamente. Os vizinhos vinham dizer adeus.


Fandermiler Freitas, Conto Saudade



As pergunta refere-se à interpretação do texto. 

Leia o excerto: “Enquanto a noite chegava, Dona Neuza abraçava a mulher, rezava e acendia velas...”
Se os verbos destacados estivessem conjugados para o imperativo afirmativo, na 3ª pessoa do singular, estariam escritos da seguinte forma:

Leia atentamente:



     José viu o rio surgir, do varadouro, por entre as árvores. Estava cheio depois das grandes chuvas. Mas seu coração nem viu a magia que fluía dele, porque a tristeza invadia tudo como uma neblina que caminha ao amanhecer. Ventava melancolia.


    — Dona Neusa! - gritou do aceiro da mata - Mamãe chama à senhora. O Chico está muito mal, talvez não passe dessa noite.


     Da janela, uma senhora deu com a mão e desceu as escadas apressadamente.  


    O caminho de volta foi silencioso, às pressas. José via a boca de a mulher mexer-se, mas não ouvia palavra alguma. Talvez rezasse em silêncio, talvez apenas queixava-se da sorte.


   Anoitecia, quando cruzaram a pinguela do Mapinguari, a colocação surgiu desbotada. O tapiri de paxiúba, coberta de palha se escondia entre as árvores e uma luz pálida, da lamparina, se esgueirava pela janela enquanto um lamento de partir o coração fugia pela porta aberta, descia as escadas e invadiu a alma de Dona Neuza a anunciar que a morte chegara mais rápido do que se esperava.


   Enquanto a noite chegava, Dona Neuza abraçava a mulher, rezava e acendia velas, numa tentativa em tornar a solidão da selva menor:


    — E agora, o que eu vou fazer sem meu pai? Pedi o marido; agora, meu pai! O que será de mim?


    — Se acalme Dona Maria, pra tudo se dá um jeito. Deus é maior!


   Enquanto as carapanãs zumbiam, lanternas e porongas chegavam lentamente. Os vizinhos vinham dizer adeus.


Fandermiler Freitas, Conto Saudade



As pergunta refere-se à interpretação do texto. 

Após leitura do fragmento “José viu o rio surgir, do varadouro, por entre as árvores...”, marque a alternativa que apresenta sinônimo para o vocábulo em destaque: 

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