Questões de Língua Portuguesa do ano 2025

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Listagem de Questões de Língua Portuguesa do ano 2025

    Seja qual for o caminho que nos faça regressar ao princípio, sempre chegaremos à mesma conclusão: que o pacto social estabelece entre os cidadãos uma tal igualdade que todos ficam obrigados às mesmas condições e todos devem gozar dos mesmos direitos. E assim, pela natureza do pacto, todo ato de soberania, isto é, todo autêntico ato de uma vontade geral, obriga ou favorece igualmente todos os cidadãos; de tal modo que o soberano apenas conhece a nação e não distingue ninguém entre aqueles que a compõem. O que é isto, senão um ato de soberania? Não é um acordo entre o superior e o inferior, mas um pacto entre o todo e cada um dos seus membros: pacto legítimo, pois tem por base o contrato social; equitativo, por ser comum a todos; útil, porque só pode ter como finalidade o bem geral; e sólido, uma vez que tem por garantia a força pública e o poder supremo.


Jean-Jacques Rousseau. O contrato social. Tradução de Mário Franco de Sousa. Oeiras, Portugal: Editorial Presença, 2010, p. 46 (com adaptações). 

Julgue o item a seguir, referentes a aspectos linguísticos e aos sentidos do texto apresentado.



Conclui-se da leitura do último período do texto que, consoante às ideias apresentadas, a palavra “pacto” tem o mesmo significado de “acordo”. 

#Questão 1093231 - Língua Portuguesa, Interpretação de Textos, CESPE / CEBRASPE, 2025, InoversaSul, Professor de Língua Portuguesa - Ensino Médio

        Ao primeiro contato com um texto qualquer, por mais simples que ele pareça, normalmente o leitor se defronta com a dificuldade de encontrar unidade por trás de tantos significados que ocorrem na sua superfície. Numa crônica ou numa pequena fábula, por exemplo, surgem personagens diferentes, lugares e tempos desencontrados e ações as mais diversas. Na primeira leitura, parece impossível encontrar qualquer ponto para o qual convirjam tantas variáveis e que dê unidade à aparente desordem. Mas, quando se trata de um bom texto, por trás do aparente caos, há ordem. Quando, após várias leituras, encontra-se o fio condutor, a primeira impressão de desagregação cede lugar à percepção de que o texto tem harmonia e coerência. Para exemplificar o que foi dito, vamos ler uma pequena fábula de Monteiro Lobato e tentar demonstrar que, a partir da observação dos dados concretos da superfície, pode-se chegar à compreensão de significados mais abstratos, que dão unidade e organização ao texto.

José Luiz Fiorin; Francisco Platão Savioli.
Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2007, p. 35. 

Considerando as informações e estruturas linguísticas do texto precedente, julgue o seguinte item. 


A partir da estrutura argumentativa do texto, infere-se que o propósito de seus autores é desestimular o leitor a encontrar no texto literário algo que dê unidade à desordem, visto que é “impossível encontrar qualquer ponto para o qual convirjam tantas variáveis” (terceiro período).  

#Questão 1093232 - Língua Portuguesa, Interpretação de Textos, CESPE / CEBRASPE, 2025, InoversaSul, Professor de Língua Portuguesa - Ensino Médio

        Pode-se verificar em que medida, em Dom Casmurro, Machado de Assis inova o tema: em primeiro lugar, ele abandona o clichê da mulher simultaneamente romântica e entediada, mesmo porque o leitor, por acompanhar a narrativa desde o foco de Bento Santiago, não tem acesso à interioridade de Capitu. Esse é, pois, o segundo elemento inovador proposto por Machado de Assis: a perspectiva é dada pelo marido traído, que, porém, nunca domina inteiramente a situação. Assim como não consegue conduzir sua vida de modo independente, permitindo que outros resolvam seus problemas, ele não tem sucesso ao tentar controlar a narração, razão porque o leitor não fica plenamente convencido do adultério de Capitu. O narrador não é, pois, inteiramente confiável, já que Machado de Assis semeia ao longo do texto uma série de dúvidas e incertezas, que minam a convicção que Bento Santiago procura transmitir. O romance acaba por abalar as certezas que se poderia ter em relação a seu assunto, já que o juízo relativamente à infidelidade conjugal de Capitu fica em suspenso. Por essa atitude, pode-se medir a coragem de Machado de Assis ao tratar a questão; afinal, seus precursores, entre os quais os renomados Gustave Flaubert e Eça de Queirós, não titubearam ao condenar as esposas pérfidas, pois essas prevaricam aos olhos do leitor. Além disso, a sociedade brasileira da época de Machado de Assis era fortemente machista, e a mera suspeita de adultério era motivo suficiente para um marido condenar a esposa. Evidencia-se o modo como o escritor brasileiro aceita compor um romance na contracorrente das ideologias vigentes e das tendências literárias dominantes. Ao romper com os paradigmas literários e sociais relativos ao adultério e à condição da mulher na sociedade brasileira, ele produz uma obra revolucionária que acabou por se converter em um clássico respeitado pela história da literatura brasileira.

Regina Zilberman. Recepção e leitura no horizonte da literatura.
In: Alea: Estudos Neolatinos. V. 10, N. 1, janeiro-junho 2008, p. 95 (com adaptações).

Julgue o item a seguir, referente à leitura do texto precedente.


A autora acrescenta ao texto elementos de sequenciamento espacial — “afinal, seus precursores, entre os quais os renomados Gustave Flaubert e Eça de Queirós” (sexto período) — e temporal — “a sociedade brasileira da época de Machado de Assis” (sétimo período).

#Questão 1093246 - Língua Portuguesa, Interpretação de Textos, CESPE / CEBRASPE, 2025, InoversaSul, Professor de Língua Portuguesa - Ensino Médio

        “Você é espírita, Fernando? Então como é que você me pergunta o que eu faço às três horas da tarde? Às três horas da tarde sou a mulher mais exigente do mundo. Fico às vezes reduzida ao essencial, quer dizer, só meu coração bate. Quando passa, vem seis da tarde, também indescritíveis, em que eu fico cega”. (Carta de Clarice Lispector a Fernando Sabino em 19/6/1946)

        “De certo modo, você me dispensa de escrever. Resta o consolo de pensar que se eu fosse capaz como você de dizer o indizível, eu teria a dizer certas coisas que você ainda vai dizer. E me limito a ficar esperando”. (Carta de Fernando Sabino a Clarice Lispector em 30/3/1955)

        Em 1944, Fernando Sabino recebeu um exemplar de Perto do Coração Selvagem, com dedicatória da autora estreante, Clarice Lispector. Ele não fazia ideia de quem era ela. De qualquer maneira, ficou deslumbrado com o livro. Tempos depois, quando a conheceu pessoalmente, ficou deslumbrado com Clarice.

        Os jovens escritores viveram uma paixão não formulada. Encontravam-se diariamente, longas conversas numa confeitaria do Rio. Separados por compromissos fora do país, trocaram cartas, no período entre 1949 e 1969. Em 2001, Fernando as reuniu em Cartas Perto do Coração, comovente testemunho de fidelidade à literatura e à amizade. Livro de culto, rapidamente se esgotou; poucos exemplares, e caríssimos, eram achados em sebos. Reaparece agora, em edição de capa dura, novo projeto gráfico e fac-símiles dos manuscritos.

        Quem vê o prestígio de Clarice hoje não imagina suas angústias e incertezas reveladas na correspondência. Seu segundo livro, O Lustre, foi recebido em silêncio. Dez anos após o aparecimento do terceiro, A Cidade Sitiada, de 1949, ela estava esquecida. Os originais do romance A Maçã no Escuro ficaram cinco anos pegando poeira no escritório do editor Ênio Silveira. Além de segurar a barra da amiga, Fernando passou a atuar como agente literário de Clarice, até que seu talento fosse reconhecido.

        Com a publicação de Uma Aprendizagem, em 1969, Fernando carinhosamente entrega os pontos: “Eu não mereço mais ser seu leitor. Você foi longe demais para mim”.

Álvaro Costa e Silva.
A paixão nas cartas de Clarice Lispector e Fernando Sabino.
Internet:<folha.uol.com.br>  (com adaptações).

Com base na leitura do texto apresentado, julgue o item que se segue.


É possível inferir do quinto parágrafo do texto que Clarice Lispector compartilhava com Fernando Sabino, por meio das cartas que lhe escrevia, desassossegos quanto à carreira literária.

#Questão 1093247 - Língua Portuguesa, Interpretação de Textos, CESPE / CEBRASPE, 2025, InoversaSul, Professor de Língua Portuguesa - Ensino Médio

        “Você é espírita, Fernando? Então como é que você me pergunta o que eu faço às três horas da tarde? Às três horas da tarde sou a mulher mais exigente do mundo. Fico às vezes reduzida ao essencial, quer dizer, só meu coração bate. Quando passa, vem seis da tarde, também indescritíveis, em que eu fico cega”. (Carta de Clarice Lispector a Fernando Sabino em 19/6/1946)

        “De certo modo, você me dispensa de escrever. Resta o consolo de pensar que se eu fosse capaz como você de dizer o indizível, eu teria a dizer certas coisas que você ainda vai dizer. E me limito a ficar esperando”. (Carta de Fernando Sabino a Clarice Lispector em 30/3/1955)

        Em 1944, Fernando Sabino recebeu um exemplar de Perto do Coração Selvagem, com dedicatória da autora estreante, Clarice Lispector. Ele não fazia ideia de quem era ela. De qualquer maneira, ficou deslumbrado com o livro. Tempos depois, quando a conheceu pessoalmente, ficou deslumbrado com Clarice.

        Os jovens escritores viveram uma paixão não formulada. Encontravam-se diariamente, longas conversas numa confeitaria do Rio. Separados por compromissos fora do país, trocaram cartas, no período entre 1949 e 1969. Em 2001, Fernando as reuniu em Cartas Perto do Coração, comovente testemunho de fidelidade à literatura e à amizade. Livro de culto, rapidamente se esgotou; poucos exemplares, e caríssimos, eram achados em sebos. Reaparece agora, em edição de capa dura, novo projeto gráfico e fac-símiles dos manuscritos.

        Quem vê o prestígio de Clarice hoje não imagina suas angústias e incertezas reveladas na correspondência. Seu segundo livro, O Lustre, foi recebido em silêncio. Dez anos após o aparecimento do terceiro, A Cidade Sitiada, de 1949, ela estava esquecida. Os originais do romance A Maçã no Escuro ficaram cinco anos pegando poeira no escritório do editor Ênio Silveira. Além de segurar a barra da amiga, Fernando passou a atuar como agente literário de Clarice, até que seu talento fosse reconhecido.

        Com a publicação de Uma Aprendizagem, em 1969, Fernando carinhosamente entrega os pontos: “Eu não mereço mais ser seu leitor. Você foi longe demais para mim”.

Álvaro Costa e Silva.
A paixão nas cartas de Clarice Lispector e Fernando Sabino.
Internet:<folha.uol.com.br>  (com adaptações).

Com base na leitura do texto apresentado, julgue o item que se segue.


No último parágrafo, o período ‘Você foi longe demais para mim’ expressa circunstância de causa em relação ao período anterior.

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