Questões de Língua Portuguesa da CESPE / CEBRASPE

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Listagem de Questões de Língua Portuguesa da CESPE / CEBRASPE

        Analisando-se a literatura produzida sobre justiça restaurativa desde o final da década de 70 do século passado, verifica-se que há diferentes abordagens, produzidas por estudiosos dos mais diversos campos do conhecimento (filosofia, psicologia social, antropologia, ciências jurídicas, pedagogia, assistência social, entre outros), incluídos acadêmicos, facilitadores de justiça restaurativa, servidores públicos e entusiastas da justiça restaurativa que buscam disseminar e fortalecer a sua implementação em nível institucional.

         Dada essa pluralidade de abordagens, surgiram diversas definições de justiça restaurativa na literatura ao longo das últimas décadas, razão pela qual alguns autores atuais apontam que o conceito de justiça restaurativa ainda estaria “em aberto”. Contudo, parece haver na literatura certo consenso de que tal pluralidade seria algo positivo, por possibilitar a adaptação do conceito a diferentes contextos culturais. Alguns autores também sugerem que a justiça restaurativa seria um conceito “guarda-chuva”, ou seja, um conceito que abarca uma vasta gama de formulações, desde que sejam conservados os elementos essenciais da justiça restaurativa.

Fernanda Carvalho Dias de Oliveira Silva. A experiência e o saber da experiência da justiça restaurativa no Brasil: práticas, discursos e desafios. São Paulo: Blucher, 2021, p. 37-38 (com adaptações). 

A respeito das ideias e de aspectos discursivos e linguísticos do texto precedente, julgue o item subsecutivo.


No texto, o vocábulo “certo” (segundo período do segundo parágrafo) está empregado como pronome indefinido, com sentido equivalente ao de algum.

        Defendemos que a divulgação científica (DC) é produzida pela esfera da cultura científica em colaboração com outras esferas de atividades humanas. Assim, a DC é um produto gerado na interseção de esferas de criação ideológicas, cujas atividades disputam motivos, propósitos, regras, agentes, ferramentas culturais, entre tantos outros elementos.


        Em uma análise a partir da cultura científica, teremos a apropriação da comunicação, do jornalismo, da mídia e suas técnicas como ferramentas culturais para a produção da DC, enquanto o universo de referência, os princípios e os valores continuam sendo próprios da cultura científica. Por outro lado, se partirmos da esfera da mídia, teremos a apropriação de conhecimentos, fatos e histórias da ciência, enquanto as formas de produção do suporte são próprias da esfera midiática. Podemos estender esse exercício para todas as esferas que atuam na DC, como a educação, por exemplo, condição que reforça nossa compreensão de que a DC é produzida em meio à interseção da cultura científica com outras esferas de atuação humana.


        Embora existam coerções e interseções com outros campos, não há como deslocar princípios ontológicos da cultura científica que são inerentes aos conceitos, às metodologias e às práticas da ciência — fato que sustenta e fortalece a interpretação do divulgador como um representante da cultura científica. A DC, portanto, é produzida em meio a uma interseção de esferas de criação ideológica; a cultura científica, no entanto, exerce maior influência sobre o produto gerado. Tal concepção evidencia que a interseção na qual a DC é produzida não é composta por esferas equipolentes.


        Ainda que a cultura científica tenha maior influência na determinação dos produtos da DC, trata-se de produtos gerados em meio a disputas, cujos escopos variam de acordo com os suportes de DC e os meios de comunicação em que são veiculados. Não é preciso ser um especialista em DC para notar as diferenças entre veículos de DC que, por vezes, sustentam coerções da indústria cultural e, por isso, usufruem livremente do sensacionalismo e da fetichização do conhecimento científico, visando ao aumento das vendas, e veículos que claramente têm interesse em ensinar conceitos científicos que estão fortemente baseados em coerções provenientes da educação científica. 


Guilherme da Silva Lima e Marcelo Giordan.

Da reformulação discursiva a uma práxis da cultura científica: reflexões sobre a divulgação científica.

In: História, Ciências, Saúde, Manguinhos, Rio de Janeiro,

v. 28, n.º 2, abr.-jun./2021, p. 389 (com adaptações). 

Considerando os aspectos linguísticos do texto apresentado e as ideias nele veiculadas, julgue o próximo item. 


No texto, a cultura científica é distinguida das outras esferas de atuação humana em colaboração na produção de DC pelo fato de que estas outras atividades constituem esferas de criação ideológicas — mas a cultura científica não. 

    Retardei o passo. A tarde estava brilhante, mas o calor era o do inferno, os transeuntes a desfilarem pela fornalha com uma expressão de condenados, os rostos lustrosos, o olhar pesado. Um homem de terno branco esbarrou em mim. Caiu-lhe a pasta. Resmungou enquanto se inclinava para apanhá-la. A culpa fora minha e por isso pensei em voltar-me para pedir-lhe desculpas, mas prossegui preguiçosamente pela rua afora. Para que desculpas? Fazia calor e era cansativo ser amável num calor assim. A vontade queria o ócio. O corpo queria nudez. Voltei a cara para o céu ardente. Havia poucas nuvens, mas a tempestade já conspirava no ar. Melhor escolher um outro dia, não? Afinal, tio Samuel não me esperava mesmo, talvez fosse até aborrecê-lo com a minha presença, os loucos estranham às vezes a invasão nos seus mundos.


Lygia Fagundes Telles. Verão no Aquário. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1978, p. 100 (com adaptações). 
Considerando os sentidos e aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue o item subsecutivo. 

A forma pronominal “lhe”, em “Caiu-lhe a pasta” (quarto período), refere-se ao termo “homem” (terceiro período). 

   A humanidade produz 400 milhões de toneladas de plástico por ano, e apenas 10% dele é reaproveitado, até mesmo porque a reciclagem de alguns tipos é econômica ou tecnicamente inviável. Mas pode haver solução.

   Uma equipe de pesquisadores da Universidade da Califórnia, liderados pela engenheira química e ambiental Kandis Abdul-Aziz, criou um método que transforma o plástico em fertilizante: ele é misturado a palha de milho e se torna um tipo de carvão extremamente poroso, ideal para fertilizar o solo.

   Para transformar o plástico em carvão, a equipe utiliza plásticos como o PET, empregado em garrafas, e o isopor, misturados a resíduos de milho — restos de talos, folhas, cascas e espigas. Os pesquisadores aquecem essa mistura em um reator, sem oxigênio, para romper a estrutura molecular original e obter carbono elementar, que dá origem ao carvão. Esse processo de decomposição por altas temperaturas, chamado pirólise, já é frequentemente usado com outros restos agrícolas.

   Esse carvão pode aumentar o teor de nutrientes como potássio e nitrogênio no solo, além de melhorar a retenção deles. Mas uma de suas aplicações mais promissoras é o uso dele para diminuir a chamada lixiviação de nitrogênio (remoção ou dissolução desse nutriente pela ação da água sobre o solo) e aumentar o teor de carbono orgânico presente no solo, o que otimizaria sua saúde e o crescimento das plantações.

   Quanto aos próximos passos para o desenvolvimento da técnica, a equipe liderada por Kandis Abdul-Aziz está pensando em combinar os plásticos com outros resíduos agrícolas comuns na Califórnia, além da palha de milho. O estado é um dos maiores produtores de frutas cítricas dos Estados Unidos da América, mas a maioria dos resíduos, como cascas, sementes e polpa, é descartada e acaba em aterros sanitários. Além de produzir uma mercadoria valiosa como o carvão, o processo desenvolvido pelos pesquisadores pode fornecer uma alternativa sustentável para elementos que geralmente são considerados lixo.


Nova tecnologia transforma plástico em adubo. Revista Superinteressante, 16/2/2023. Internet: : <super.abril.com.b> (com adaptações)

Com relação à tipologia, às ideias e a aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item a seguir.  


No quarto parágrafo, a expressão “o uso dele” (segundo período) significa o mesmo que o uso do solo. 

    Retardei o passo. A tarde estava brilhante, mas o calor era o do inferno, os transeuntes a desfilarem pela fornalha com uma expressão de condenados, os rostos lustrosos, o olhar pesado. Um homem de terno branco esbarrou em mim. Caiu-lhe a pasta. Resmungou enquanto se inclinava para apanhá-la. A culpa fora minha e por isso pensei em voltar-me para pedir-lhe desculpas, mas prossegui preguiçosamente pela rua afora. Para que desculpas? Fazia calor e era cansativo ser amável num calor assim. A vontade queria o ócio. O corpo queria nudez. Voltei a cara para o céu ardente. Havia poucas nuvens, mas a tempestade já conspirava no ar. Melhor escolher um outro dia, não? Afinal, tio Samuel não me esperava mesmo, talvez fosse até aborrecê-lo com a minha presença, os loucos estranham às vezes a invasão nos seus mundos.


Lygia Fagundes Telles. Verão no Aquário. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1978, p. 100 (com adaptações). 
Considerando os sentidos e aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue o item subsecutivo. 

O texto, que se classifica como narrativo, relata episódio em que a personagem segue pelas ruas da cidade, sob forte calor, cuja intensidade afeta o comportamento das pessoas e da personagem, particularmente na decisão sobre a visita que faria ao tio.

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