Questões de Língua Portuguesa da CESPE / CEBRASPE

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Listagem de Questões de Língua Portuguesa da CESPE / CEBRASPE

#Questão 1093232 - Língua Portuguesa, Interpretação de Textos, CESPE / CEBRASPE, 2025, InoversaSul, Professor de Língua Portuguesa - Ensino Médio

        Pode-se verificar em que medida, em Dom Casmurro, Machado de Assis inova o tema: em primeiro lugar, ele abandona o clichê da mulher simultaneamente romântica e entediada, mesmo porque o leitor, por acompanhar a narrativa desde o foco de Bento Santiago, não tem acesso à interioridade de Capitu. Esse é, pois, o segundo elemento inovador proposto por Machado de Assis: a perspectiva é dada pelo marido traído, que, porém, nunca domina inteiramente a situação. Assim como não consegue conduzir sua vida de modo independente, permitindo que outros resolvam seus problemas, ele não tem sucesso ao tentar controlar a narração, razão porque o leitor não fica plenamente convencido do adultério de Capitu. O narrador não é, pois, inteiramente confiável, já que Machado de Assis semeia ao longo do texto uma série de dúvidas e incertezas, que minam a convicção que Bento Santiago procura transmitir. O romance acaba por abalar as certezas que se poderia ter em relação a seu assunto, já que o juízo relativamente à infidelidade conjugal de Capitu fica em suspenso. Por essa atitude, pode-se medir a coragem de Machado de Assis ao tratar a questão; afinal, seus precursores, entre os quais os renomados Gustave Flaubert e Eça de Queirós, não titubearam ao condenar as esposas pérfidas, pois essas prevaricam aos olhos do leitor. Além disso, a sociedade brasileira da época de Machado de Assis era fortemente machista, e a mera suspeita de adultério era motivo suficiente para um marido condenar a esposa. Evidencia-se o modo como o escritor brasileiro aceita compor um romance na contracorrente das ideologias vigentes e das tendências literárias dominantes. Ao romper com os paradigmas literários e sociais relativos ao adultério e à condição da mulher na sociedade brasileira, ele produz uma obra revolucionária que acabou por se converter em um clássico respeitado pela história da literatura brasileira.

Regina Zilberman. Recepção e leitura no horizonte da literatura.
In: Alea: Estudos Neolatinos. V. 10, N. 1, janeiro-junho 2008, p. 95 (com adaptações).

Julgue o item a seguir, referente à leitura do texto precedente.


A autora acrescenta ao texto elementos de sequenciamento espacial — “afinal, seus precursores, entre os quais os renomados Gustave Flaubert e Eça de Queirós” (sexto período) — e temporal — “a sociedade brasileira da época de Machado de Assis” (sétimo período).

#Questão 1093246 - Língua Portuguesa, Interpretação de Textos, CESPE / CEBRASPE, 2025, InoversaSul, Professor de Língua Portuguesa - Ensino Médio

        “Você é espírita, Fernando? Então como é que você me pergunta o que eu faço às três horas da tarde? Às três horas da tarde sou a mulher mais exigente do mundo. Fico às vezes reduzida ao essencial, quer dizer, só meu coração bate. Quando passa, vem seis da tarde, também indescritíveis, em que eu fico cega”. (Carta de Clarice Lispector a Fernando Sabino em 19/6/1946)

        “De certo modo, você me dispensa de escrever. Resta o consolo de pensar que se eu fosse capaz como você de dizer o indizível, eu teria a dizer certas coisas que você ainda vai dizer. E me limito a ficar esperando”. (Carta de Fernando Sabino a Clarice Lispector em 30/3/1955)

        Em 1944, Fernando Sabino recebeu um exemplar de Perto do Coração Selvagem, com dedicatória da autora estreante, Clarice Lispector. Ele não fazia ideia de quem era ela. De qualquer maneira, ficou deslumbrado com o livro. Tempos depois, quando a conheceu pessoalmente, ficou deslumbrado com Clarice.

        Os jovens escritores viveram uma paixão não formulada. Encontravam-se diariamente, longas conversas numa confeitaria do Rio. Separados por compromissos fora do país, trocaram cartas, no período entre 1949 e 1969. Em 2001, Fernando as reuniu em Cartas Perto do Coração, comovente testemunho de fidelidade à literatura e à amizade. Livro de culto, rapidamente se esgotou; poucos exemplares, e caríssimos, eram achados em sebos. Reaparece agora, em edição de capa dura, novo projeto gráfico e fac-símiles dos manuscritos.

        Quem vê o prestígio de Clarice hoje não imagina suas angústias e incertezas reveladas na correspondência. Seu segundo livro, O Lustre, foi recebido em silêncio. Dez anos após o aparecimento do terceiro, A Cidade Sitiada, de 1949, ela estava esquecida. Os originais do romance A Maçã no Escuro ficaram cinco anos pegando poeira no escritório do editor Ênio Silveira. Além de segurar a barra da amiga, Fernando passou a atuar como agente literário de Clarice, até que seu talento fosse reconhecido.

        Com a publicação de Uma Aprendizagem, em 1969, Fernando carinhosamente entrega os pontos: “Eu não mereço mais ser seu leitor. Você foi longe demais para mim”.

Álvaro Costa e Silva.
A paixão nas cartas de Clarice Lispector e Fernando Sabino.
Internet:<folha.uol.com.br>  (com adaptações).

Com base na leitura do texto apresentado, julgue o item que se segue.


É possível inferir do quinto parágrafo do texto que Clarice Lispector compartilhava com Fernando Sabino, por meio das cartas que lhe escrevia, desassossegos quanto à carreira literária.

#Questão 1093247 - Língua Portuguesa, Interpretação de Textos, CESPE / CEBRASPE, 2025, InoversaSul, Professor de Língua Portuguesa - Ensino Médio

        “Você é espírita, Fernando? Então como é que você me pergunta o que eu faço às três horas da tarde? Às três horas da tarde sou a mulher mais exigente do mundo. Fico às vezes reduzida ao essencial, quer dizer, só meu coração bate. Quando passa, vem seis da tarde, também indescritíveis, em que eu fico cega”. (Carta de Clarice Lispector a Fernando Sabino em 19/6/1946)

        “De certo modo, você me dispensa de escrever. Resta o consolo de pensar que se eu fosse capaz como você de dizer o indizível, eu teria a dizer certas coisas que você ainda vai dizer. E me limito a ficar esperando”. (Carta de Fernando Sabino a Clarice Lispector em 30/3/1955)

        Em 1944, Fernando Sabino recebeu um exemplar de Perto do Coração Selvagem, com dedicatória da autora estreante, Clarice Lispector. Ele não fazia ideia de quem era ela. De qualquer maneira, ficou deslumbrado com o livro. Tempos depois, quando a conheceu pessoalmente, ficou deslumbrado com Clarice.

        Os jovens escritores viveram uma paixão não formulada. Encontravam-se diariamente, longas conversas numa confeitaria do Rio. Separados por compromissos fora do país, trocaram cartas, no período entre 1949 e 1969. Em 2001, Fernando as reuniu em Cartas Perto do Coração, comovente testemunho de fidelidade à literatura e à amizade. Livro de culto, rapidamente se esgotou; poucos exemplares, e caríssimos, eram achados em sebos. Reaparece agora, em edição de capa dura, novo projeto gráfico e fac-símiles dos manuscritos.

        Quem vê o prestígio de Clarice hoje não imagina suas angústias e incertezas reveladas na correspondência. Seu segundo livro, O Lustre, foi recebido em silêncio. Dez anos após o aparecimento do terceiro, A Cidade Sitiada, de 1949, ela estava esquecida. Os originais do romance A Maçã no Escuro ficaram cinco anos pegando poeira no escritório do editor Ênio Silveira. Além de segurar a barra da amiga, Fernando passou a atuar como agente literário de Clarice, até que seu talento fosse reconhecido.

        Com a publicação de Uma Aprendizagem, em 1969, Fernando carinhosamente entrega os pontos: “Eu não mereço mais ser seu leitor. Você foi longe demais para mim”.

Álvaro Costa e Silva.
A paixão nas cartas de Clarice Lispector e Fernando Sabino.
Internet:<folha.uol.com.br>  (com adaptações).

Com base na leitura do texto apresentado, julgue o item que se segue.


No último parágrafo, o período ‘Você foi longe demais para mim’ expressa circunstância de causa em relação ao período anterior.

#Questão 1093248 - Língua Portuguesa, Interpretação de Textos, CESPE / CEBRASPE, 2025, InoversaSul, Professor de Língua Portuguesa - Ensino Médio

        “Você é espírita, Fernando? Então como é que você me pergunta o que eu faço às três horas da tarde? Às três horas da tarde sou a mulher mais exigente do mundo. Fico às vezes reduzida ao essencial, quer dizer, só meu coração bate. Quando passa, vem seis da tarde, também indescritíveis, em que eu fico cega”. (Carta de Clarice Lispector a Fernando Sabino em 19/6/1946)

        “De certo modo, você me dispensa de escrever. Resta o consolo de pensar que se eu fosse capaz como você de dizer o indizível, eu teria a dizer certas coisas que você ainda vai dizer. E me limito a ficar esperando”. (Carta de Fernando Sabino a Clarice Lispector em 30/3/1955)

        Em 1944, Fernando Sabino recebeu um exemplar de Perto do Coração Selvagem, com dedicatória da autora estreante, Clarice Lispector. Ele não fazia ideia de quem era ela. De qualquer maneira, ficou deslumbrado com o livro. Tempos depois, quando a conheceu pessoalmente, ficou deslumbrado com Clarice.

        Os jovens escritores viveram uma paixão não formulada. Encontravam-se diariamente, longas conversas numa confeitaria do Rio. Separados por compromissos fora do país, trocaram cartas, no período entre 1949 e 1969. Em 2001, Fernando as reuniu em Cartas Perto do Coração, comovente testemunho de fidelidade à literatura e à amizade. Livro de culto, rapidamente se esgotou; poucos exemplares, e caríssimos, eram achados em sebos. Reaparece agora, em edição de capa dura, novo projeto gráfico e fac-símiles dos manuscritos.

        Quem vê o prestígio de Clarice hoje não imagina suas angústias e incertezas reveladas na correspondência. Seu segundo livro, O Lustre, foi recebido em silêncio. Dez anos após o aparecimento do terceiro, A Cidade Sitiada, de 1949, ela estava esquecida. Os originais do romance A Maçã no Escuro ficaram cinco anos pegando poeira no escritório do editor Ênio Silveira. Além de segurar a barra da amiga, Fernando passou a atuar como agente literário de Clarice, até que seu talento fosse reconhecido.

        Com a publicação de Uma Aprendizagem, em 1969, Fernando carinhosamente entrega os pontos: “Eu não mereço mais ser seu leitor. Você foi longe demais para mim”.

Álvaro Costa e Silva.
A paixão nas cartas de Clarice Lispector e Fernando Sabino.
Internet:<folha.uol.com.br>  (com adaptações).

Com base na leitura do texto apresentado, julgue o item que se segue.


Em “Os jovens escritores viveram uma paixão não formulada” (quarto parágrafo), o vocábulo “formulada” pode ser substituído por declarada, sem que se comprometa o sentido original do período.

#Questão 1093249 - Língua Portuguesa, Interpretação de Textos, CESPE / CEBRASPE, 2025, InoversaSul, Professor de Língua Portuguesa - Ensino Médio

        “Você é espírita, Fernando? Então como é que você me pergunta o que eu faço às três horas da tarde? Às três horas da tarde sou a mulher mais exigente do mundo. Fico às vezes reduzida ao essencial, quer dizer, só meu coração bate. Quando passa, vem seis da tarde, também indescritíveis, em que eu fico cega”. (Carta de Clarice Lispector a Fernando Sabino em 19/6/1946)

        “De certo modo, você me dispensa de escrever. Resta o consolo de pensar que se eu fosse capaz como você de dizer o indizível, eu teria a dizer certas coisas que você ainda vai dizer. E me limito a ficar esperando”. (Carta de Fernando Sabino a Clarice Lispector em 30/3/1955)

        Em 1944, Fernando Sabino recebeu um exemplar de Perto do Coração Selvagem, com dedicatória da autora estreante, Clarice Lispector. Ele não fazia ideia de quem era ela. De qualquer maneira, ficou deslumbrado com o livro. Tempos depois, quando a conheceu pessoalmente, ficou deslumbrado com Clarice.

        Os jovens escritores viveram uma paixão não formulada. Encontravam-se diariamente, longas conversas numa confeitaria do Rio. Separados por compromissos fora do país, trocaram cartas, no período entre 1949 e 1969. Em 2001, Fernando as reuniu em Cartas Perto do Coração, comovente testemunho de fidelidade à literatura e à amizade. Livro de culto, rapidamente se esgotou; poucos exemplares, e caríssimos, eram achados em sebos. Reaparece agora, em edição de capa dura, novo projeto gráfico e fac-símiles dos manuscritos.

        Quem vê o prestígio de Clarice hoje não imagina suas angústias e incertezas reveladas na correspondência. Seu segundo livro, O Lustre, foi recebido em silêncio. Dez anos após o aparecimento do terceiro, A Cidade Sitiada, de 1949, ela estava esquecida. Os originais do romance A Maçã no Escuro ficaram cinco anos pegando poeira no escritório do editor Ênio Silveira. Além de segurar a barra da amiga, Fernando passou a atuar como agente literário de Clarice, até que seu talento fosse reconhecido.

        Com a publicação de Uma Aprendizagem, em 1969, Fernando carinhosamente entrega os pontos: “Eu não mereço mais ser seu leitor. Você foi longe demais para mim”.

Álvaro Costa e Silva.
A paixão nas cartas de Clarice Lispector e Fernando Sabino.
Internet:<folha.uol.com.br>  (com adaptações).

Com base na leitura do texto apresentado, julgue o item que se segue.


No primeiro período do último parágrafo, a expressão “entrega os pontos” indica que Fernando Sabino, cansado das angústias e incertezas literárias de Clarice Lispector, desistiu de atuar como seu agente literário.

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