Questões sobre Interpretação de Textos

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Listagem de Questões sobre Interpretação de Textos

Os sapatos de meu pai

       O dia começou completamente sexta-feira, pensei enquanto levava o saco de lixo para a calçada. Um céu úmido chuviscava irritação sobre a cidade indefesa e fria, obrigando-me a proteger o rosto do vento molhado e escolher o lugar onde punha os pés. As lojas vizinhas também levantaram suas portas onduladas. Minha rotina dos dias pares, nossa escala entre as balconistas.

       A três passos do poste, junto ao qual deixaria minha carga, dois sapatos largos e sujos, tamanhos, o direito esfregando-se na guia para se livrar do barro. Meu sangue parou e todo meu corpo também. Só meus olhos mantinham alguma vida, mas que não ousavam subir além de dois palmos das pernas. O medo grudava-me no céu da boca um gosto indeciso entre o morno e o frio. Qualquer coisa amarga em uma colher: toma, minha filha, vai te fazer bem. Eram os sapatos de meu pai. Por tudo que sei dele, eram os sapatos de meu pai.

       Já não sei se o que me resta dele, de meu pai, são reminiscências minhas, situações que eu mesma vivi, ou são as lembranças de minha mãe, casos que ela me contava com olhos brilhantes, muitas vezes de lágrimas, outras vezes de pura paixão.

       Paralisada no meio do caminho, não conseguia desgrudar os olhos daquele sapato embarrado esfregando-se na quina da guia. A garoa apertava mais densa, e um pequeno córrego escorria pelo meio-fio. Quase alegre. A poucos metros abaixo, entretanto, sem nenhuma resistência, despejava-se na boca de lobo e sumia na face escura da sexta-feira. Lá embaixo.

(BRAFF, Menalton. A coleira no pescoço. São Paulo: Bertrand Brasil. p. 77-80. Fragmento.)
Para Maria da Graça Costa Val, “o texto deve ser uma unidade semântica, ou seja, um todo significativo”. Para isso, é preciso que o significado das palavras seja considerado. Tendo em vista que a significação das palavras é o sentido que elas podem ter em diferentes contextos, assinale a associação INADEQUADA. 

Leia o texto a seguir para responder à questão.


Aniversário de amizade


    As pessoas comemoram aniversários de namoro e de casamento e jamais lembram os marcos das amizades. A amizade repousa num tempo indefinido e vago, sem festa, sem torta e sem parabéns. É uma omissão injusta. Favorecemos as amarras do romance e descuidamos dos laços da fraternidade.

    Ninguém festeja a data em que se conheceu um amigo muito especial. Fabrício percebeu a lacuna quando Eduardo, seu amigo que morava em São Paulo, lembrou-lhe de que em 15 de agosto completariam 20 anos de amizade. Combinaram de jantar nesse dia para comemorar as bodas de porcelana da amizade.

    Amigo é algo tão sério que deveríamos pedir o ombro da pessoa para os seus pais. Se pedimos a mão da mulher em casamento, o ideal seria solicitar o ombro leal e fiel de nosso amigo com a mesma solenidade, olhando nos olhos dos pais dele e prometendo sinceridade e cuidado para a vida toda. Amigo é destino, amigo é vocação, é amor de anjo, é inocência de intenção.

    Temos que frequentar a casa e a família, ir a enterros e nascimentos, suportar a intimidade das contradições e oferecer conselhos. Pelo jeito, Fabrício e Eduardo chegarão às bodas de ouro. Faltam ainda trinta anos, mas não tiveram nenhuma discussão de relacionamento ao longo da cumplicidade de ambos.


(Fabrício Carpinejar. Amizade é também amor. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2017. Adaptado)
A alternativa em que há palavra empregada com sentido figurado está em: 

Os sapatos de meu pai

       O dia começou completamente sexta-feira, pensei enquanto levava o saco de lixo para a calçada. Um céu úmido chuviscava irritação sobre a cidade indefesa e fria, obrigando-me a proteger o rosto do vento molhado e escolher o lugar onde punha os pés. As lojas vizinhas também levantaram suas portas onduladas. Minha rotina dos dias pares, nossa escala entre as balconistas.

       A três passos do poste, junto ao qual deixaria minha carga, dois sapatos largos e sujos, tamanhos, o direito esfregando-se na guia para se livrar do barro. Meu sangue parou e todo meu corpo também. Só meus olhos mantinham alguma vida, mas que não ousavam subir além de dois palmos das pernas. O medo grudava-me no céu da boca um gosto indeciso entre o morno e o frio. Qualquer coisa amarga em uma colher: toma, minha filha, vai te fazer bem. Eram os sapatos de meu pai. Por tudo que sei dele, eram os sapatos de meu pai.

       Já não sei se o que me resta dele, de meu pai, são reminiscências minhas, situações que eu mesma vivi, ou são as lembranças de minha mãe, casos que ela me contava com olhos brilhantes, muitas vezes de lágrimas, outras vezes de pura paixão.

       Paralisada no meio do caminho, não conseguia desgrudar os olhos daquele sapato embarrado esfregando-se na quina da guia. A garoa apertava mais densa, e um pequeno córrego escorria pelo meio-fio. Quase alegre. A poucos metros abaixo, entretanto, sem nenhuma resistência, despejava-se na boca de lobo e sumia na face escura da sexta-feira. Lá embaixo.

(BRAFF, Menalton. A coleira no pescoço. São Paulo: Bertrand Brasil. p. 77-80. Fragmento.)
O conectivo destacado em “Só meus olhos mantinham alguma vida, mas que não ousavam subir além de dois palmos das pernas.” (2º§) correlaciona ideias introduzindo o valor semântico de: 

Leia o texto a seguir para responder à questão.


Aniversário de amizade


    As pessoas comemoram aniversários de namoro e de casamento e jamais lembram os marcos das amizades. A amizade repousa num tempo indefinido e vago, sem festa, sem torta e sem parabéns. É uma omissão injusta. Favorecemos as amarras do romance e descuidamos dos laços da fraternidade.

    Ninguém festeja a data em que se conheceu um amigo muito especial. Fabrício percebeu a lacuna quando Eduardo, seu amigo que morava em São Paulo, lembrou-lhe de que em 15 de agosto completariam 20 anos de amizade. Combinaram de jantar nesse dia para comemorar as bodas de porcelana da amizade.

    Amigo é algo tão sério que deveríamos pedir o ombro da pessoa para os seus pais. Se pedimos a mão da mulher em casamento, o ideal seria solicitar o ombro leal e fiel de nosso amigo com a mesma solenidade, olhando nos olhos dos pais dele e prometendo sinceridade e cuidado para a vida toda. Amigo é destino, amigo é vocação, é amor de anjo, é inocência de intenção.

    Temos que frequentar a casa e a família, ir a enterros e nascimentos, suportar a intimidade das contradições e oferecer conselhos. Pelo jeito, Fabrício e Eduardo chegarão às bodas de ouro. Faltam ainda trinta anos, mas não tiveram nenhuma discussão de relacionamento ao longo da cumplicidade de ambos.


(Fabrício Carpinejar. Amizade é também amor. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2017. Adaptado)
O autor do texto chama a atenção para

Os sapatos de meu pai

       O dia começou completamente sexta-feira, pensei enquanto levava o saco de lixo para a calçada. Um céu úmido chuviscava irritação sobre a cidade indefesa e fria, obrigando-me a proteger o rosto do vento molhado e escolher o lugar onde punha os pés. As lojas vizinhas também levantaram suas portas onduladas. Minha rotina dos dias pares, nossa escala entre as balconistas.

       A três passos do poste, junto ao qual deixaria minha carga, dois sapatos largos e sujos, tamanhos, o direito esfregando-se na guia para se livrar do barro. Meu sangue parou e todo meu corpo também. Só meus olhos mantinham alguma vida, mas que não ousavam subir além de dois palmos das pernas. O medo grudava-me no céu da boca um gosto indeciso entre o morno e o frio. Qualquer coisa amarga em uma colher: toma, minha filha, vai te fazer bem. Eram os sapatos de meu pai. Por tudo que sei dele, eram os sapatos de meu pai.

       Já não sei se o que me resta dele, de meu pai, são reminiscências minhas, situações que eu mesma vivi, ou são as lembranças de minha mãe, casos que ela me contava com olhos brilhantes, muitas vezes de lágrimas, outras vezes de pura paixão.

       Paralisada no meio do caminho, não conseguia desgrudar os olhos daquele sapato embarrado esfregando-se na quina da guia. A garoa apertava mais densa, e um pequeno córrego escorria pelo meio-fio. Quase alegre. A poucos metros abaixo, entretanto, sem nenhuma resistência, despejava-se na boca de lobo e sumia na face escura da sexta-feira. Lá embaixo.

(BRAFF, Menalton. A coleira no pescoço. São Paulo: Bertrand Brasil. p. 77-80. Fragmento.)
A partir da leitura atenta do texto, pode-se inferir que a presença de “dois sapatos largos e sujos, tamanhos, o direito esfregando-se na guia para se livrar do barro” (2º§) provoca no narrador o seguinte sentimento:

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