O pastel da feiraA ciência conseguiu. Com suas pesquisas

O pastel da feira

A ciência conseguiu. Com suas pesquisas proibiu a fritura. Descobriu que o colesterol mata e, mais que depressa, todos os jornais, revistas e TV despejaram sobre nós toneladas de advertências.
Quem lê sabe. Quem sabe tem culpa e assim estragaram mais um dos meus prazeres – o pastel da feira, sempre tão bem acompanhado pelo caldo de cana – este também, coitado, proibido.
Açúcar, gordura, glúten, ovo, farinha branca, óleo de soja, leite. A lista de proibições não para de crescer e de aborrecer aqueles que, como eu, adoram comer livremente tudo que é gostoso, como o pastel da feira: recheado, fumegante, que queima a boca dos afoitos.
Este pastel abençoado, feito com paciência oriental, frito em tachos de óleo usado e reusado. O pastel grande, dourado, que iluminava minhas manhãs de sábado, que tornava suportáveis as andanças pela feira, de barraca em barraca, carregando sacolas pesadas, ao lado de minha mãe.
Há anos não provo esta iguaria. Eu, que a tudo obedeço em nome da saúde, deveria ser fiel ao meu desejo, saciar minha vontade e mandar às favas a ciência e a sabedoria.

(MUCCI, R. Disponível em: www.viveragora.com.br/crônicas-rápidas. Acesso em: 26/09/22.)


A escrita do texto, mesmo marcada por linguagem simples e espontânea, obedece às regras da gramática da norma culta, pois o texto destina-se ao grande público. Essas características, dentre outras, classifica essa linguagem como 

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