Texto 2Solidários na portaLuís Fernando Veríssimo Vive

#Questão 939082 - Não definido, , CS-UFG, 2023, Prefeitura de Goiatuba - GO, Motorista, Mecânico Diesel, Maqueiro, Eletricista e Eletricista de Veículos

Texto 2
Solidários na porta
Luís Fernando Veríssimo
Vivemos a civilização do automóvel, mas atrás do volante de um carro o homem se comporta como se ainda estivesse nas cavernas. Antes da roda. Luta com o seu semelhante pelo espaço na rua como se fosse o último mamute. Usando as mesmas táticas de intimidação, apenas buzinando em vez de rosnar ou rosnando em vez de morder.
O trânsito em qualquer lugar da cidade do mundo é uma metáfora para a vida competitiva que a gente leva, cada um dentro do seu próprio pequeno mundo de metal tentando levar vantagem sobre o outro, ou pelo menos tentando não se deixar intimidar. E provando que não há nada menos civilizado que a civilização. Mas há uma exceção. Uma pequena clareira de solidariedade no jângal. É a porta aberta. Quando o carro ao seu lado emparelha com o seu e alguém põe a cabeça para fora, você se prepara para o pior. Prepara a resposta. ‘É a sua!’
Mas você pode ter uma surpresa.
— Porta aberta!
— O quê?
Você custa a acreditar que nem você nem ninguém da sua família está sendo xingado. Mas não, o inimigo está sinceramente preocupado com a possibilidade de a porta se abrir e você cair do carro. A porta aberta determina uma espécie de trégua tácita. Todos a apontam. Vão atrás, buzinando freneticamente, se por acaso você não ouviu o primeiro aviso. ‘Olha a porta aberta!’ É como um código de honra, um intervalo nas hostilidades. Se a porta se abrir e você cair mesmo na rua, aí passam por cima. Mas avisaram.
Quer dizer, ainda não voltamos ao estado animal.

Disponível em: <https://armazemdetexto.blogspot.com/2019/0>. Acesso 
em: 29 mar. 2023. 






No texto, a palavra “você” é usada como 

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